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Posts Tagged ‘Rio Grande do Sul’

A próxima semana promete abalar as estruturas do Rio Grande do Sul. A partir de hoje, quinta-feira, os gaúchos poderão sem medo algum dizer que seu estado é a Capital Latina do Futebol. Simplesmente três dos melhores jogos do ano na América até o momento acontecerão a partir de hoje nos Pampas. Começaremos com o Internacional tentando chutar a zica dos últimos jogos e buscando a vitória no jogo de ida da Recopa Sul-Americana. Depois, na quarta-feira, os Colorados enfrentarão o Corinthians na grande decisão da Copa do Brasil, no jogo que claramente é o mais importante do futebol nacional até aqui. Por fim, e haja fôlego, é a vez do Grêmio receber o Cruzeiro pela partida de volta das semifinais da Libertadores, claramente o duelo mais importante do futebol sul-americano até o momento.

Façamos então uma análise mais detalhada de cada partida. Seguiremos a ordem dos acontecimentos e começaremos com o duelo entre Brasil e Equador na Recopa. O Inter chega ao jogo em questão com seus olhos voltados para outra decisão, a da Copa do Brasil. Esse fato, no entanto, não fará com que os colorados deixem de dar atenção ao rápido duelo continental. O Colorado se diz campeão de tudo. E o campeão de tudo tem como obrigação levar a Recopa diante de uma fraca LDU, que na Libertadores sucumbiu diante dos nacionais Palmeiras e Sport e do chileno Colo-Colo. Sem os bons nomes que a ajudaram a se consagrar campeã continental em 2008, a equipe equatoriana é zebra máxima na disputa. Só não será zebra tão grande se o Inter decidir poupar demais, o que eu não acredito que acontecerá.

Saindo do âmbito continental e voltando para o nacional, temos a grande final da Copa do Brasil. De um lado novamente o Internacional. Do outro o Corinthians mais forte dos últimos anos. Em jogo 199 anos de História. Enquanto o Colorado sonha em vencer o título nacional no ano que completa 100 anos, o Timão busca a tão sonhada vaga na Libertadores-10, ano no qual completará seu centenário. A vitória por 2 a 0 no Pacaembu deixa o time paulista um pouco mais perto da taça. Mas nunca é demais lembrar que os gaúchos são especialistas em viradas e que a força da torcida que lotará o Beira-Rio pode ser fator essencial. Craques não faltarão: Ronaldo, Nilmar, D’Alessandro, Dentinho, Taison… a lista é grande! Tem tudo para ser um duelo parelho, sem favoritos e que provavelmente se repetirá no Brasileiro. Não ficarei em cima do muro: creio que Mano Menezes conquistará seu segundo título nessa temporada, conduzindo o timão ao tricampeonato.

Por fim voltamos à América. O jogo de ontem no Mineirão foi um belo aperitivo para o que teremos em um Olímpico lotado na próxima quinta. A Raposa foi melhor e, mantendo seu padrão na Libertadores, engoliu mais um Tricolor. O Grêmio, no entanto, Imortal que se diz, conseguiu sobrevida no finalzinho da partida. Se o Tricolor estava quase no papo, os mineiros poderão engasgar feio devido ao tento marcado em bela cobrança de falta do meia Souza. Os dois times terão que guerrear – em campo, claro. O Cruzeiro, claro, é favorito. Mas os espíritos das conquistas tricolores estarão no Olímpico junto com a torcida azul, branca e preta. Será jogo para a História.

O Rio Grande do Sul será palco dos melhores jogos do ano na América até agora. Será a passagem. Pro inferno ou pro céu? Nos resta esperar…

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Nunca fui ao Rio Grande do Sul – infelizmente, diga-se de passagem. Mas sempre fui um assíduo admirador do futebol praticado lá nos Pampas. Na verdade sempre gostei do futebol jogado pelos rivais Grêmio e Inter – ou Inter e Grêmio, para que não entremos no mérito da rivalidade. Craques já desfilaram pelos gramados do Rio Grande, mas nunca me apeguei muito aos feitos desses jogadores apenas. Algo diferente me surpreende no futebol gaúcho: a capacidade de jogadores medianos se tornarem verdadeiros deuses. É algo que considero surreal. É algo que me leva à situação atual de colorados e tricolores – tricolores e colorados. É o dilema do Rio Grande.

Comecemos pelo campeão gaúcho. Comecemos pelo Internacional. Centenário neste ano, o time vermelho e branco se armou da melhor maneira possível dentro – e fora também, por que não? – de campo e montou um verdadeiro esquadrão para comemorar os tão esperados 100 anos. Mesclou experiência e juventude, jogadores estrangeiros e nacionais, formados nas (ótimas) categorias de base do clube e trazidos de times de fora. A base é ótima e até a reserva faz inveja em muitos adversários. Mas apesar do incontestável título gaúcho conquistado com a sonora goleada por 8 a 1 sobre o fraco Caxias, o Colorado ainda não mostrou em âmbito nacional o que vai fazer nesse ano. E não mostrou por apenas um motivo: Tite.

O treinador colorado tem seus méritos. Já salvou algumas equipes do rebaixamento quase certo, foi campeão pelo próprio Inter, é o primeiro técnico a ser campeão gaúcho por três times diferentes, ajudou na montagem desse time. Mas não é o suficiente. Tite parece ter medo de ser feliz, e essa é uma característica que atrapalha qualquer técnico no mundo. Parece ter medo de ver um futebol bonito e para frente, de fazer cinco gols – mesmo que estes custem dois levados. E com o elenco que tem em mãos isso é um pecado capital. O Internacional se afunila atrás, joga com um lateral-zagueiro e prende seus volantes na marcação. O menino Sandro pouco tem saído com a bola e Guiñazu ataca muito menos do que já atacou. Magrão se preocupa mais em não ser driblado do que em levar a bola para frente. D’Alessandro é diferenciado e isso por si só o resume. Nilmar e Taison são letais, mas precisam – na maioria das vezes – de mais garçons. O Inter se preocupa antes em não deixar jogar. Precisa se preocupar em jogar, pois tem time para jogar e muito.

O Grêmio segue um caminho totalmente oposto. Brigou pelo título brasileiro no ano passado e morreu na praia. Contratou em baciada, trouxe mais atacantes do que qualquer time pode confortar, perdeu o Gaúcho antes mesmo de chegar à final, perdeu seu técnico antes mesmo de poder pensar. Viveu até aqui sob desconfiança de tudo e todos. Olhos atentos diziam que o Imortal Tricolor não ganharia nada. Realmente ainda não ganhou. Ainda. Mas vai caminhando para se tornar um dos favoritos na Libertadores e para se tornar um dos candidatos no Brasileirão. Joga um futebol burocrático, mas que parece estar cada dia mais redondo. Não tem craques, não tem nomes, mas tem uma raça que dá gosto. Joga para ganhar primeiro e para não perder depois, apesar de não ser um time ofensivo.

Na Libertadores está invicto até o momento, somando mais pontos do que qualquer outro time até agora. Claro, o grupo não foi daqueles mais difíceis, mas jogar o torneio sul-americano fora de casa, contra qualquer time que seja, é tarefa árdua. Não perder é mérito sim. Sem os holofotes em cima de seu elenco o Tricolor vai comendo pelas beiradas e vai chegando longe. O dilema do Rio Grande.

Como pode um time tão bom, tão bem montado e tão forte não inspirar confiança como faz o Inter? Entendo que são os primeiros jogos, mas no Pacaembu diante do Corinthians B e no Maracanã diante do Flamengo o Colorado não fez bonito, pelo contrário, e agora precisa jogar bem para impressionar de novo. Precisa provar que não foi brisa de verão no Gauchão. Tite precisa acordar e liberar seu time. “Podem jogar, tchê”, precisa falar no melhor gauchês. Se sair para o jogo o Internacional causará problemas. Tem craques demais, é difícil segurar um time assim.

Como pode um time que parece tão limitado, que foi montado do jeito errado inspirar tanta confiança como faz o Grêmio? Entendo que não são favoritos absolutos na Libertadores, mas devem ir longe. Serão dor de cabeça para que os enfrentar no Olímpico, devem chegar às semifinais. Claro, empataram com o Santos em casa, mas seguem voando no torneio continental. Atropelam quem vier, jogam com uma vontade que dá gosto. Sem técnico efetivo e sem um elenco brilhante podem chegar onde todo mundo duvidava. Podem, prestem atenção. Não tem craques, mas tem vontade, é difícil segurar um time assim.

Sigo sem entender o dilema do Rio Grande.

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